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DÍZIMO - NO JUDAÍSMO E NA IGREJA CRISTÃ

Por Eliseu Antonio Gomes

Abraão e Jacó  praticaram o ato de entregar dízimos. A prática existia antes da promulgação da Lei de Moisés. Os patriarcas exerceram liberalidade, espontaneidade, fé e devoção a Deus. Não havia obrigatoriedade.

Na Dispensação da Graça, o sistema de arrecadação de dízimos nas igrejas cristãs não é ato obrigatório. A oferta e o dízimo entre os cristãos são efetuadas em arrecadações realizadas em caráter voluntário, a prática é como uma ação de amor ao próximo, também como ato de fé e atitude devocional ao Senhor. Textos no Novo Testamento não afirmam que sim e nem que não. Se não proíbem ao cristão ser um dizimista, qual a autoridade dos antidizimistas para proibir. Não existe nenhum poder para isso.

Durante a vigência da Dispensação da Lei, a arrecadação de dízimos  manteve a religião judaica operante. Na Lei, os sacerdotes recebiam dízimos para manter o templo judaico, manter os ensinamentos e liturgias do judaísmo. Recebendo dízimos, os líderes judeus fizeram um levante e crucificaram Jesus Cristo, não o reconhecendo como Filho de Deus, Senhor e Salvador, pois esperavam o Messias revolucionário. O dízimo na época da Graça, é recebido nas igrejas que anunciam o plano da salvação em Cristo. Entre cristãos, a finalidade é diferente do objetivo dos judeus. Os cristãos praticam a entrega de dez por cento por reconhecerem Jesus Cristo como Filho de Deus, Senhor e Salvador, como propósito de financiar o  anúncio do Evangelho para todas as almas ao redor do mundo.

Nas igrejas, ninguém é obrigado a ser dizimistas por força da Lei de Moisés. Contudo, estamos debaixo da Lei de Cristo. E essa Lei de Jesus manda amar mais as pessoas do que as coisas, mais ao semelhante do que ao dinheiro. Muitas almas são salvas todos os dias por meio da arrecadação sistemática do dízimo, que proporciona caixa em condições de manter o pregador em atividade.

A base bíblica para o dízimo entre cristãos

Vale lembrar que a regra da hermenêutica manda que uma doutrina se sustente em no mínimo três textos bíblicos. Apresento Gênesis 14, Gênesis 28, Salmo 110.4, Hebreus 5, e Hebreus 7 para todos os antidizimistas. Esses textos são os alicerces da doutrina do dízimo cristão, estão à parte da Lei de Moisés.

Reflexão: Melquisedeque era sacerdote de uma linhagem sacerdotal sem princípio e nem fim. O Salmo 110.4 é citado pelo escritor de Hebreus, capítulo 7, e nesta citação ele mostra que Jesus Cristo é sacerdote pertencente à mesma ordem sacerdotal. Se Cristo é da linhagem sacerdotal de Melquisequede, sacerdócio que recebia dízimos, qual o motivo de Jesus não poder receber também? Porque Melquisedeque sim e Jesus não? Por que essa diferença de tratamento? Enquanto não houver resposta com base bíblica para essa pergunta, tudo o que é dito está apenas no campo das ideias humanas, não deve ser considerado Palavra de Deus. Gostaria de ouvir ou  ler alguém responder.

Alguns antidizimistas alegam que não é possível entregar dízimos, porque Jesus Cristo não está mais em carne para recebê-lo. Ora, Ele não está em pessoa entre nós, mas disse estar sempre presente espiritualmente onde dois ou três se reúnem em nome dEle, e entre nós todos os dias, até a consumação dos séculos. Ele instituiu líderes na igreja e esses o representam (Mateus 18.20; 28.20; Efésios 4.11).

As pessoas contrárias à prática do dízimo nas igrejas isolam textos bíblicos para se posicionarem como antidizimistas. Ao responderem, costumeiramente apenas emitem opinião sem usar  a Bíblia Sagrada. E quando a usam fazem menção de textos bíblicos ligados à Lei de Moisés, referências isoladas, que não apontam para a superioridade do sacerdócio de Melquisedeque (tipo de Cristo) sobre a linhagem sacerdotal levítica. Usam partes bíblicas ligadas ao Código Mosaico com a intenção de acusar o sistema de arrecadação cristão como ato judaizante. Eles ignoram a exegese das referências bíblicas expostas no parágrafo acima.

O propósito

Através da arrecadação de dízimos é que o cristianismo se expande no mundo. A arrecadação serve para prestar socorro nos âmbitos físico e espiritual. O dinheiro é usado para possibiltar missões. Missionários brasileiros estão lá na África e outros continentes divulgando a Palavra de Deus. Eles comem, se vestem, precisam de abrigo. O custo é alto. O pregador não se alimenta de vento. É necessário custear muitas famílias estão no estrangeiro. Por meio da boa consciência de dizimistas cestas básicas são compradas e distribuídas para quem precisa delas, novos templos são erguidos.

Há pastores, em setor rural, que aceita como dízimo frutas, legumes, verduras... Repassam isso para quem necessita. Além disso, tanto em espécie como em produtos agrícolas, a finalidade é ajudar os necessitados.

Não existe quem pregue o Evangelho sem precisar das coisas materiais. Quem tem mente carnal não consegue discernir a importância que existe em usar o dinheiro para patrocinar a propagação do cristianismo ao redor do mundo.  Ah... Talvez pensem que os índios a ser evangelizados serão receptivos às necessidades de quem está em território missionário! Quem sabe cogitem que os muçulmanos do Egito entrarão em contato com as igrejas brasileiras pedindo por favor que aceitem o dinheiro deles para que possamos ir lá pregar que Jesus é o Salvador deles!

Os aproveitadores da fé cristã

Não é aceitável usar generalização. O dizimista sabe que existe líder que se desvia  do compromisso cristão ao administrar a coleta de dízimos. Gente má existe em todas as áreas da sociedade. Não é porque alguns erram conscientemente que toda a lideraça cristã faz o mesmo. A maioria dos pastores que arrecadam dízimos fazem bom uso deles, revertendo para obras sociais, missões, construções de templos. O dizimista tem condições de avaliar se o dinheiro é bem usado ou não e escolher o ministério que administra bem os valores que recebe.

Há quem seja pastor e faça mal uso da arrecadação? Sim... Todos? Não.

A importância do colaborador dizimista na propagação do Evangelho

O dinheiro é uma contribuição que possibilita aos que não conhecem a Jesus Cristo que o conheçam. Não é difícil compreeender que o dízimo arrecadado é um fundo para missões cristãs, evangelismos, contruções de templos cristãos.

A maior parte crítica sobre o tema é sem nenhuma vivência no assunto. Se o crítico vivesse a realidade do que critica, saberia que os colaboradores constantes são apenas os dizimistas. Quem dá uma oferta este mês, no próximo pode dar menos, mais, ou nada. O pastor tem facilidade de administrar dízimos porque sabe qual o valor a ser recebido a longo prazo.

A salvação é por meio da fé, que surge na pessoa que ouve a Palavra de Deus. E, perguntou Paulo, como ouvirão se não existir quem pregue. O dízimo é um método cristão muito prático de custeio aos missionários. Enviar o missionário gera custos altos. Administrar missionários no exterior não deve ser em caráter de aventura, precisa ser algo ponderado, criterioso.

Quem são os dizimistas?

A situação espiritual da prática do dízimo é essa: o dinheiro arrecadado mantém pastores e missionários, que entregam a Palavra de Deus às almas que ainda não reconheceram Cristo como Senhor e Salvador. Isso é bíblico, tem base para ser praticado. Jesus e Paulo disseram que o obreiro é digno de ser sustentado, e como o dizimista não tem tanto apego ao dinheiro como os antidizimistas, patrocinam o pregador cristão sem problema algum. Querem fazer isso, fazem com prazer e liberalidade (Lucas 10.7; 1 Timóteo 5.18 ).

O cristão ofertante e dizimista é pessoa livre para exercer sua fé no Brasil e usam essa liberdade para colaborar na igreja; é pessoa adulta, alguém responsável por seus atos; é pessoa dona de seu dinheiro. Não pergunta como deve usá-lo. No entanto, é vítima de muito preconceito, recebe constantes opiniões indesejáveis para deixar de colaborar no templo e é ofendido com declarações que o classificam como parte da massa manobrada de algum pastor desonesto.  São atacados por opositores tentando tocar o brio objetivando desanimá-los.

Existe gente dizimista fiel que é simples, mas também gente com curso superior e com mestrado. O pobre, trabalhador braçal e o rico empregador. O desembargador, o professor universitário. Existe muita gente que são dizimistas com cultura adquirida nas melhores universidades do mundo. A figura do dizimista não é representada pela imagem caricatuaral de uma pessoa bobinha.

Qual é a razão de ser um dizimista? Jamais deve ser com o propósito de buscar a salvação. O cristão é dizimista porque tem fé que é salvo por meio do sacrifício vicário de Jesus Cristo na cruz, pela substituição no sacrifício do calvario do Filho de Deus, que nunca pecou, por todos os pecadores.

O dízimo é uma contribuição voluntária, que visa proporcionar o bem ao próximo. Uma das maneiras de amar é ser dizimista. O dízimista cristão dá 10% ao mês na igreja para que o valor se reverta em ações de bem-estar do próximo. Porque é consciente que sua condição financeira é dada por Deus para compartilhamento. Sim, compartilhar é amar. Não basta dizer que ama o semelhante, é preciso exteriorizar o sentimento com ações concretas. Amar implica em se esforçar em favor do outro.

O dizimista cristão se espelha em Abraão, que volutariamente entregou dez por cento ao sacerdote Melquisedeque, apresentado pelo escritor do livro de Hebreus como sacerdote da mesma linhagem eterna de Jesus Cristo.  São crentes conscientes da necessidade de usar o dinheiro para evangelizações, missões, manutenção de assistência social e construções de novos templos cristãos.

Quem são os antidizimistas?

Muita gente é contrária ao dízimo porque sabe que ele é um sistema de arrecadação que funciona. São contra o dízimo porque são ateus, anticristãos, sabem que se o dízimo deixar de ser praticado o crescimento do cristianismo diminui sua velocidade de expansão.

Não ouso dizer que quem é antidizimista é um materialista frio. Mas recomendo que se examine, veja se não deixa de entregar o dízimo por indiferença à vontade de Deus e por amar o dinheiro, motivado por causa da ganância e do egoísmo.

É uma heresia a filosofia do cristianismo sem compromisso com o próximo. Quem vive assim já foi apelidado de "euvangélico". A pessoa se diz cristã mas só pensa nela mesma, que o mundo se exploda, não se importa com o bem-estar de ninguém. Viver o Evangelho não é isso, ser cristão é empreender ação de amor. É amar mais do que com os lábios, com ações efetivas. Ninguém pode ser cristão justo tendo e negando o dinheiro aos que precisam. Entregar 10% é promover justiça, custear a cesta básica ao desempregado, é cuidar do templo que recebe o aflito, é patrocinar missões.

Existe muitas pessoas, não digo que são todas, que são contra a prática do dízimo porque amam ao dinheiro, não se importam em abastecer o departamento de assistência social da igreja, não se importa em ajudar famílias missionárias em terras estrangeiras. Se o seu cristianismo se resume a pensar só em seu bem-estar, lamento. Se você pensa que a sua saúde, que o possibilita a levantar-se para trabalhar e ganhar seu salário, é dada por Deus a você apenas para usá-la sem pensar no próximo, lamento...

Tenho observado que grande parte das pessoas que são contrárias ao sistema de arrecadação de dinheiro nas igrejas, não são cristãs frequentadoras de templos, elas desconhecem o meio evangélico, não sabem sobre a rotina cristã nos templos. São uma espécie de evangélico não praticante... Então, falam contra dízimos e pastores por suposição. Supõem que em todos os lugares o método do dízimo é um recurso desonesto para enganar pessoas simplórias. Estão satisfeitas com um cristianismo sem igreja, sem pensar em quem precisa ouvir a Palavra de Deus. Não se importam com gente do outro lado do mundo morrendo sem conhecer Jesus, não pensam na alma perdida. Não querem suprir as necessidades do próximo. Não só a necessidade do corpo, mas também a necessidade espiritual. É paradoxal, mas existe muita gente assim.

Os antidizimistas intrometem-se no direito de ofertantes e dizimistas, cidadãos livres para fazer o que quiser com seus honorários. Vejo essa atitude como invasiva. O bom alvitre recomenda a cada um cuidar de suas vidas, e não da alheia. 

Eu fico pensando comigo o que é que há na cabeça de antidizimistas, gente que vive a entremeter na vida alheia, dar palpites sem ser convidado, opinar na vida de dizimistas e ofertantes. Será que eles sonham ser formadores de opinão? Se for isso é melhor continuar a dormir, pois quando alguém conhece a Jesus verdadeiramente, se transforma em pessoa disposta a entregar até a própria vida, não apenas uma pequena porcentagem do salário. A história apresenta muitos mártires cristãos que morreram pela fé.

São verborrágicos. Falam e escrevem bastante contra cristãos dizimistas, mas sem argumentação que desconstrua as bases da doutrina do dízimo entre os cristãos. Alguns são persistentes, talvez até capazes de brigar para fazer com que as pessoas creiam que o tom da cor preta é branco. Eles Ignoram totalmente a verdade dos fatos, no caso as referências bíblicas contextualizadas, utilizadas por hermenêutas, gente séria que abre suas Bíblias e examinam as indicações apontadas pelas Escrituras Sagradas sobre o assunto. Tudo o que fazem é produzir logorréria.

A resistência deles é teologicamente nula, não possuem argumentos bíblicos contextualizados. Contentam-se em dizer que o dízimo é judaico sem levar em consideração que Melquisedeque e os patriarcas Abraão e Jacó nunca foram judeus e eram dizimistas.

Dízimo judaico? Não existe nenhuma abordagem nas páginas bíblicas usando o termo composto dízimo judaico. O uso da composição existe porque querem atrelar o dízimo única e exclusivamente ao judaísmo  A iiciativa é uma invencionice extra-bíblica. O dízimo foi prática do judaísmo, sim, mas havendo sido praticado bem antes da promulgação da Lei de Moisés, portanto, não pode ser considerado judaico.

Conclusão

Entendo que o dízimo deve ser ensinado que é uma prática voluntária aos cristãos, nunca obrigatório, sempre em caráter de voluntariedade. Nunca com o propósito de encontrar a salvação. O dízimo não salva, o dizimista entrega o dízimo porque sabe que está salvo e precisa contribuir financeiramente para que outros alcancem a salvação. O objetivo é devocional, prática de amor a Deus e ao próximo, para custear missões, evangelismos, assistência social. A igreja brasileira continuará a crescer com essa contribuição de  fé.


Por Eliseu Antonio Gomes

Fonte do post original: Blog Belverede