REFORMADOS OU NÃO, SEJAMOS - SOBRETUDO - CRISTÃOS TRANSFORMADOS
Ciro Zibordi
De um lado, alguns calvinistas dizem defender as "doutrinas da graça" ou os cinco pontos do calvinismo expressos por meio da palavra TULIP (Total Depravity, Unconditional Election, Limited Atonement, Irresistible Grace e Perseverance of the Saints). De outro, alguns arminianos também dizem advogar as "doutrinas graça" ou os cinco pontos do arminianismo expressos mediante a palavra FACTS (Freed by Grace, Atonement for All, Conditional Election, Total Depravity e Security in Christ).
Como esse debate tem sido, em muitos casos, inglório e carnal, não seria melhor que todos os cristãos priorizassem uma outra palavra, também de cinco letras: BIBLE? Risos. Afinal, o que veio primeiro: o ovo ou a galinha? Gracejos à parte, por que falar tanto de Calvino e de Armínio? Por que enfatizar tanto o calvinismo e o arminianismo, que são meras escolas de interpretação, em vez de priorizar a abordagem exegética? Ou será que, para nós, essas escolas são sinônimo de Evangelho?
Sinceramente, quando assisto a alguns debates na Internet entre "sunitas", quer dizer, calvinistas e "xiitas", ou melhor, arminianos — os quais se digladiam cheios de soberba para ver quem humilha mais seu oponente, tachando-o disto e daquilo —, fica a impressão de que foi Calvino quem afirmou: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" e a de que Armínio lhe respondeu: "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á".
Façam-me o favor, senhores! Aonde pretendem chegar com esse debate inútil e inglório, que a nada leva! Cresçam! Ou será que vocês, que tanto se gabam de conhecer a verdade, ainda não nasceram de novo, visto que se comportam como carnais?
Não vejo a necessidade de me declarar arminiano, pois o Senhor Jesus e a sua Palavra precedem e transcendem Armínio e o arminianismo. Mas respeito quem faz questão de bater no peito e dizer: "Eu sou arminiano". Aliás, respeito muitíssimo os irmãos calvinistas também. E, conquanto tenha amigos nas duas escolas, repito sempre que, como analista, não me considero nem arminiano nem calvinista, pois o meu objetivo é priorizar a Palavra de Deus, embora valorize as escolas de interpretação. Aprendi que a teologia é o que os teólogos dizem da Bíblia, enquanto a Bíblia é a própria Palavra de Deus!
Finalmente, quanto ao termo "reformado", penso — com todo o respeito — que ele não é de propriedade exclusiva dos calvinistas. Entretanto, todos os cristãos, independentemente do rótulo que gostam de ostentar, deveriam prezar muito mais o adjetivo "transformado" (cf. Rm 12.1,2), não é mesmo?
Ciro Sanches Zibordi